segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Anadia pediu demissão do ministro

Vigília contra encerramento de urgências reuniu centenas de pessoas

Centenas de pessoas reuniram-se, ontem à noite, frente ao Hospital de Anadia, exigindo a demissão do ministro da Saúde, numa vigília de protesto pelo encerramento das urgências e pela morte do bebé que faleceu, sexta-feira, dentro de uma ambulância.


Segundo a GNR local, o protesto reuniu cerca de 200 pessoas, um número muito abaixo do indicado pelo Movimento de Utentes pela Saúde, organizador da vigília, que fala numa adesão superior a duas mil pessoas.

"Ministro vai para a rua, a luta continua" foi uma das palavras de ordem gritadas na concentração, que teve início cerca das 20h00 junto à Câmara Municipal, tendo seguido depois até ao Hospital da cidade.

"As pessoas estão muito revoltadas com o sucedido e os ânimos estão exaltados. Para as pessoas, o principal culpado é o ministro Correia de Campos e a política do Governo a nível da Saúde", disse José Paixão, do Movimento de Utentes pela Saúde, que tem promovido vários protestos contra o encerramento das urgências na cidade.
Durante o protesto, elementos da GNR e da organização da vigília tiveram de agir para impedir que alguns manifestantes mais agitados atingissem uma ambulância do INEM, mas não se registaram quaisquer incidentes.

Os populares colocaram flores, cartazes e lenços brancos frente ao Hospital, no local onde morreu o bebé de dois meses.

O bebé faleceu sexta-feira vítima de paragem cardio-respiratória, tendo sido assistido no acesso ao Hospital por uma ambulância de Suporte Básico de Vida (SBV) e por uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), onde foi transportado para o Hospital Pediátrico de Coimbra.

Governo recusa associação entre as duas situações

A Administração Regional de Saúde do Centro e o Governo recusam qualquer relação entre a morte da criança e o fecho das urgências do hospital da cidade.

"É uma situação que preocupa. Temos um sistema de vigilância que vai indagar e analisar as circunstâncias em que ocorreu a morte, mas as informações que temos são que não há qualquer associação entre a situação reorganizativa nos serviços de saúde da Anadia e o óbito da criança", afirmou sexta-feira o ministro Correia de Campos.

O primeiro-ministro criticou a associação entre o sucedido e a reestruturação em curso do serviço de urgências em Portugal, condenando o que considerou ser "a politiquice, demagogia e maledicência" associada à morte do bebé.

Já o PSD exigiu que sejam explicadas e investigadas as circunstâncias em que morreu a criança, apontando alegadas dificuldades no atendimento médico prestado pelo INEM.

Num requerimento enviado ao presidente da Assembleia da República, os sociais-democratas questionam o Governo sobre se estará disposto a reavaliar a decisão de fechar o Serviço de Urgências do Hospital de Anadia, na sequência das conclusões de um inquérito a este caso.

Com Lusa


Sem comentários: