segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Professor morre à espera do INEM


Espinho: Assistido por bombeiros sem competências para lhe salvar a vida
Um professor da Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida, em Espinho, de 51 anos, morreu anteontem de manhã por falta atempada de assistência médica competente.


Em paragem cardiorrespiratória, os colegas professores tentaram desesperadamente contactar o 112, mas sem sucesso. Alertados, os Bombeiros Voluntários de Espinho, com quartel nas proximidades, acorreram de imediato, não tardando mais do que três minutos. Todavia, a VMER, Viatura Médica de Emergência e Reanimação, que deveria ser imediatamente accionada para uma situação destas, estava, segundo informação dada aos Bombeiros pelo CODU, ocupada noutra situação, pelo que receberam indicações para não esperar pelo INEM e conduzir o professor de imediato para o hospital.

"Seguimos todos os procedimentos protocolares e desde o momento em que chegámos à escola iniciámos as manobras de suporte básico de vida", afirmou ao CM José Laranjeiro, subchefe dos BVE, que chefiava a equipa de socorro.

Apesar de todas as tentativas de salvamento ministradas durante o percurso até Gaia, o professor, José Quental, de Aveiro, entrou no Hospital Santos Silva já sem vida.

Ontem, os técnicos do INEM, pela voz do presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE), Ricardo Rocha, tipificaram esta morte como uma das que seriam evitáveis se os socorristas que assistiram a vítima tivessem formação adequada. Consideram os técnicos que é essa lacuna de competência que obriga ao recurso às VMER e que a situação só pode ser ultrapassada com a criação de técnicos de emergência médica, que noutros países são designados de paramédicos, com formação de 1500 horas em vez das 210 horas actuais. Segundo o responsável dos técnicos, "muitas vidas podem ser poupadas".

O Correio da Manhã contactou o INEM, que se recusou a prestar quaisquer esclarecimentos sobre este assunto.

CENTRO DE SAÚDE LOCAL NÃO TINHA NITRATOS

Um aluno correu até ao centro de saúde local, que dista escassas dezenas de metros da escola, a solicitar nitratos, que administrados em comprimidos sob a língua são usados em situações de urgência cardíaca. Aqui, no entanto, ter-lhe-á sido dito que não dispunham de tais recursos.


Esta situação é tanto mais estranha quanto é certo que aquele centro é base de uma ambulância do INEM – que por sinal estava ausente para uma situação menor – que é ali abastecida de fármacos.

PORMENORES

ESPINHO SEM VMER

Em todo o concelho espinhense não existe qualquer Viatura Médica de Emergência e Reanimação. Esta está sediada em Vila Nova de Gaia, no Hospital Santos Silva.

OCUPADA NUM LAR

A VMER de Gaia não pôde seguir para Espinho porque acorreu a dois idosos num lar. Um dos casos era um AIT, acidente isquémico transitório, de gravidade bem menor do que a situação que vitimou o professor.
Com a devida venia ao Correio da Manhã.

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