sexta-feira, 26 de junho de 2009

Zeinal Bava afasta contactos com o Governo no negócio da Media Capital


O presidente executivo da Portugal Telecom esteve ontem na RTP para clarificar a posição da PT face às acusações de que o Governo poderá estar por detrás dos avanços para a compra de parte da Media capital, que detém a TVI. Zeinal Bava diz que a PT se limita a cumprir uma estratégia definida em 2008 e lembra também que a empresa está sujeita a reguladores de mercado, afastando os receios de falta de transparência manifestados por Cavaco Silva.

Interrogado sobre se, fruto da golden share que o Estado detém na empresa, a PT informou os responsáveis do Governo sobre um possível negócio para a compra da empresa que detém a TVI - o que em alguns sectores políticos levantou a suspeita de um possível controlo de informação -, o presidente executivo da Portugal Telecom rejeitou que tenha havido esse tipo de contacto.
Zeinal Bava não o disse contudo por palavras, envolvendo a argumentação nos próprios passos processuais da empresa.

"A PT não discutiu este tema na sua comissão executiva, se a PT não discutiu este tema na sua comissão executiva, que é o primeiro forum onde esse tema tem de ser discutido, e o segundo fórum é o Conselho de administração, eu penso que já respondi à sua pergunta", explicou.

Zeinal Bava admitiu que a sua vinda à televisão foi o repto lançado pelo Presidente da República no sentido de a PT velar pela "ética e transparência" face às "dúvidas fortes que neste momento estão instaladas na sociedade portuguesa": "Parece que o comunicado (à CMVM) não foi suficiente".

A resposta ao Presidente da República foi nesse sentido lapidar: "Temos o melhor regulador do mercado e acho que isto já garante transparência". Bava lembrou que a empresa está cotada nas bolsas de Nova Iorque e de Lisboa, o que na sua opinião assegura por si a rectidão das suas operações da PT.

Por outro lado, Bava assegurou que os contactos com a Prisa para a compra de parte da Media Capital não passam para já de uma exploração - e que apenas foram comunicados à CMVM devido a uma fuga de informação - que se insere na estratégia definida na PT em Abril de 2008, quando foi decidido na sede de Picoas uma aposta massiva nos conteúdos de televisão.

Não há negócio, não há instrumentalização, não há conversas com o Governo


Na entrevista da noite de ontem na RTP, Zeinal Bava quis deixar clara a situação relativamente a três pontos: não há ainda negócio, a instrumentalização (de jornalistas) e a interferência "é um insulto" e não houve contactos com o Governo.

No que respeita à concretização da compra de acções da Prisa, Bava sublinhou que apenas existem contactos com a empresa, comunicados ao mercado de valores fruto da fuga de informação, mas que nada existe de concreto no momento, nem a quota a adquirir nem o valor a pagar. O presidente da PT rejeitou os rumores que apontam para a aquisição de uma posição de 30 por cento envolvendo 150 milhões de euros.

"Tenho 11 anos de banca de investimento", lembrou Zeinal Bava, para sustentar que essa experiência lhe permite saber que "certas coisas fazem-se, não se anunciam".

Em relação aos receios de que a compra, em última instância, de parte da TVI, tivesse em vista uma interferência naquela televisão a nível editorial, o gestor considerou que "qualquer sugestão de instrumentalização é um insulto para nós, profissionais da PT", afastando dessa forma a hipótese de a concretização do negócio implicar o afastamento de José Eduardo Moniz, director-geral da estação.

"Temos vários investimentos nesta área e já temos provas dadas de que nunca interferimos, e também acho que os jornalistas, do meu ponto de vista, merecem respeito", acrescentou.

"Os rumores falam de 30 por cento da Media Capital, o que seria uma posição minoritária e com uma posição minoritária há decisões que nem podemos tomar", explicou ainda Zeinal Bava, escorando-se ainda em experiências anteriores: "Nunca interviemos na escolha do director-geral da SIC Notícias e tínhamos 40 por cento" do canal.

Quando interrogado sobre se o facto de o Estado possuir uma golden share não obrigaria a PT a consultar com o Governo, que gere essa posição, Zeinal Bava lançou uma última argumentação para cima da mesa: a Portugal Telecom gere o seu negócio tendo em vista o benefício de todos os seus accionistas, mas não os questiona sobre a estratégia que segue a cada momento.

O presidente executivo sublinhou que quando a PT vendeu "a Lusomundo Media há uns anos não pediu nenhuma autorização à golden share".


Com a devida vénia: RTP

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