segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Aveiro: Deputado municipal pede demissão do líder do CDS



Carlos Martins cria novo foco de polémica no partido ao denunciar “inabilidade política” e “falta de lealdade” de Miguel Fernandes. Presidente mantém silêncio

Carlos Martins, deputado municipal do CDS, defende a demissão do líder concelhio do partido na sequência da aprovação por parte do Tribunal de Contas (TC) do empréstimo que a Câmara de Aveiro pretende contrair para pagamento aos credores.






Este novo episódio cria mais um foco de polémica no CDS, partido que tem sido sacudido por vários conflitos entre militantes ou com representantes do parceiro de coligação, o PSD.

A decisão do TC constitui uma “derrota política” de Miguel Fernandes, avalia Carlos Martins, para quem o presidente da comissão concelhia “deixou de reunir as condições políticas necessárias para o exercício do cargo para o qual foi eleito”.

Carlos Martins lembra que Miguel Fernandes “tem vindo a insurgir-se, desde a sua tomada de posse e com muitos recuos, contra as decisões e posições de vários elementos que constituem o executivo camarário que, aliás, apoiou nas últimas eleições autárquicas”. “Esta viragem política, apesar das muitas hesitações, culminou no pedido de demissão do vereador das Finanças Pedro Ferreira, caso o empréstimo não fosse aprovado pelo TC”, acrescenta o vogal da Assembleia Municipal.

O militante centrista entende que as “relações institucionais de lealdade” do líder do CDS para com a coligação e o executivo camarário - de que fazem parte dois membros do partido - estão “feridas de morte”, denunciando a “falta de sentido de Estado e lealdade” e a “manifesta inabilidade política” reveladas por Miguel Fernandes.

“Não comento notas de rodapé”, limitou-se a responder o líder concelhio quando contactado pelo Diário de Aveiro.


Mandato agitado


Miguel Fernandes tem tido um mandato atribulado desde que sucedeu a Capão Filipe como principal dirigente centrista em Aveiro, vendo-se diversas vezes envolvido em conflitos com outros militantes do CDS ou com dirigentes do PSD.

Na semana passada, Raul Almeida, líder distrital, afirmou, em entrevista à rádio Terranova, que declarações recentes de Miguel Fernandes - sustentando que poderia pedir a demissão do vereador social-democrata Pedro Ferreira no caso de o Tribunal de Contas rejeitar o visto ao empréstimo solicitado pela Câmara de Aveiro - são “inócuas e não têm prazo de validade superior a um iogurte”. Mais tarde, Raul Almeida negou ao Diário de Aveiro que estivesse iminente uma ruptura entre distrital e concelhia, mas voltou a assumir a “desvalorização clara” das palavras de Miguel Fernandes a propósito do vereador do PSD, que foram proferidas “ao arrepio do que o partido pensa” sobre o assunto e “não têm qualquer impacto” na decisão sobre o futuro da aliança com os sociais-democratas em Aveiro.

Também as relações com a cúpula do PSD, com quem o CDS formou em 2005 a coligação Juntos por Aveiro, nem sempre têm sido pacíficas. Um exemplo: Rocha Almeida, presidente do PSD/Aveiro, chamou “garnizé” a Miguel Fernandes quando o homólogo centrista defendeu a formalização de um pacto entre os vários partidos para solucionar a crise financeira da autarquia local após o primeiro chumbo do TC ao empréstimo de 58 milhões de euros que a Câmara presidida por Élio Maia vai contrair.

A tudo vai respondendo Miguel Fernandes quase sempre com silêncio. Resta saber até quando.



Rui Cunha

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