quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Oposição acusa Governo de falhar em matéria de emprego

Discussão no parlamento um dia depois de terem sido divulgados os dados do Eurostat sobre o emprego em Portugal



A oposição acusou o Governo de estar a falhar a promessa eleitoral de criar 150.000 empregos durante uma legislatura, num debate sobre desemprego e sentimento de insegurança suscitado pelo CDS-PP.
Com a devida vénia: rtp.pt


"Onde estão os 150.000 postos de trabalho que o PS prometeu na campanha eleitoral? Podem colar um novo cartaz a falar em 40 a 60 mil novos desempregados", afirmou Portas, uma pergunta depois repetida por todas as bancadas da oposição.

Um dia depois de terem sido divulgados os dados do Eurostat - que apresentam Portugal como um dos três países da UE onde o desemprego aumentou - Paulo Portas lamentou a ausência no debate do ministro da Economia e sublinhou que Manuel Pinho não comparece no plenário da Assembleia da República desde Novembro do ano passado.

"Não sei quanto mais tempo V.Exas. conseguem esconder o ministro da Economia, algo me diz que ele é o desempregado mais certo do vosso governo", ironizou o líder do CDS.

Na resposta, em nome do Governo, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, referiu que Manuel Pinho não foi chamado por nenhum partido para comparecer em plenário no último ano, o que foi imediatamente contestado pelos democratas-cristãos.

"A interpelação que o CDS aqui fez no início do meu mandato foi sobre poder de compra e o ministro da Economia não estava", frisou Portas.

"O poder de compra não é economia, compreendo que o CDS é incapaz de perceber que o poder de compra diz respeito a todas as condições da vida dos portugueses", respondeu Santos Silva.

Sobre o aumento do desemprego, o ministro dos Assuntos Parlamentares salientou que, desde Fevereiro, os dados do Eurostat referem valores entre os 8,2 e 8,3 por cento, considerando que se pode falar em estabilização.

"Porque é que a Europa está à nossa frente na diminuição do desemprego? Porque o relançamento da economia europeia começou mais cedo do que a nossa por razões que me dispenso de explicar", afirmou Santos Silva, considerando que o comportamento da economia permite "um optimismo moderado e realista" sobre a evolução do desemprego.

"Só vos falta dizer que o desemprego desceu para cima...", criticou Portas, que lembrou que no Programa de Estabilidade e Crescimento o Governo tinha fixado para este ano uma taxa de desemprego de 7,6 por cento.

Pelo PSD, o deputado Miguel Frasquilho responsabilizou "a política desastrada" do Governo pelo aumento do desemprego, em contra ciclo com a tendência europeia.

"2007 ficará como uma marca negra do governo socialista: é o primeiro ano em 29 anos em que a taxa de desemprego em Portugal ultrapassou a taxa espanhola", criticou.

O PCP, pelo deputado José Soeiro, exortou o PS a "acabar com as promessas para daqui a quatro ou cinco anos", sublinhando que "a economia não melhora e a situação social das famílias agrava-se".

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, desafiou o Governo a explicar em que fundamentos se baseia para estar optimista em relação à evolução do desemprego.

"Está o Governo disposto a garantir que para o ano haverá inversão da tendência?", questionou.

O debate de actualidade do CDS-PP era também sobre o "sentimento de insegurança" mas a questão passou ao lado de quase todas as bancadas e da primeira intervenção de Santos Silva.

"Nem uma palavra sobre segurança. O primeiro-ministro afirmou em Fevereiro de 2007 que, até ao final do ano, haveria mais 4.000 polícias nas ruas. Onde estão esses polícias?", questionou Paulo Portas.

Na resposta, o ministro dos Assuntos Parlamentares considerou "inacreditável" que o CDS tenha juntado no mesmo debate desemprego e insegurança, dizendo que essa ligação "é própria da direita mais trauliteira".

"Terá mais polícias na rua e polícias mais e melhor equipados", garantiu, contudo, o ministro Santos Silva.







© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Sem comentários: